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Cromoterapia




ORIGENS DA CROMOTERAPIA


Todos os seres que vivem na superfície da Terra, em ambientes iluminados pelo Sol, vivem em um ambiente colorido. Os animais e vegetais usam as cores como importantes veículos de informação: pássaros e insetos costumam selecionar flores e frutos de acordo com sua cor, que geralmente é um bom indicador de diferenças entre vegetais alimentícios e venenosos; os insetos costumam proteger-se de predadores adotando cores que os confundam com as plantas ou que sugiram que são um alimento venenoso.


Mesmo os grandes animais, como os ursos, as raposas e as focas, utilizam as cores para proteger-se: os animais que vivem em regiões frias, periodicamente recobertas por neve ou gelo, geralmente trocam seu pelo escuro por um pelo claro quando chega o inverno, ou são sempre brancos, como o urso polar; o filhote de foca, que vai viver por algum tempo em terra firme (ou melhor, em gelo firme), e coberto por pelos brancos, que só escurecem ao atingir a idade adulta, quando terá facilidade de mergulhar na água para fugir dos predadores.


As cores também são usadas, dentro de uma mesma espécie, para facilitar a procriação. Por exemplo, as flores que dependem de insetos para que o pólen seja transportado até os óvulos são geralmente bem coloridas, algumas até imitando a forma e a cor da fêmea de uma espécie de inseto, para melhor atrair os que pensam que este é um possível parceiro sexual.


No mundo dos invertebrados, é frequente encontrar fêmeas grandes e vistosas (como as das aranhas), que atraem machos pequenos e incolores. Entre os vertebrados, a norma é que o macho, que precisa atrair a fêmea para a reprodução, seja muito mais colorido e vistoso: basta comparar o galo e a galinha, o leão e a leoa e vários pássaros para perceber isso. Mesmo com os peixes essa diferença ocorre: entre certos peixinhos de rio, as fêmeas são pretinhas ou cinzentas, enquanto os machos são grandes e multicores.


Mergulhada nesse mesmo ambiente, a espécie humana também utilizou, desde o início de sua evolução, as cores como meio de comunicação. O barro vermelho e branco; o suco de frutos pretos, roxos, rosados e amarelados; as cinzas, as secreções de insetos, ervas diversas, que tingem a pele, e outros materiais corantes fazem parte do mais antigo acervo técnico da humanidade. No início, foram utilizados para tingir o corpo e os cabelos, geralmente como parte de rituais religiosos ou guerreiros que exigiam a execução de desenhos no corpo; ou para colorir pinturas feitas em paredes ou cm objetos de barro, madeira etc. Mais tarde, as tinturas passaram a ser aplicadas aos tecidos destinados à confecção de roupas e aos utensílios domésticos.


Entre todos os povos, as diferentes cores assumiram significados diversos, a partir das substâncias e dos fenômenos naturais, familiares a cada população, que elas evocam. Por exemplo, o vermelho, que lembra o fogo e o sangue, foi usado pelos antigos povos do Ocidente como a cor dos guerreiros e dos governantes (os que têm o poder de derramar o sangue e levar o incêndio), enquanto os orientais o usaram como a cor do vestuário e dos ornamentos para a cerimônia de casamento (o fogo da paixão e o fogo protetor que purifica o novo lar). O amarelo, a cor do ouro e do Sol, era privativo, no Oriente, da Família Imperial. O violeta, cm vários lugares, foi usado pelos sacerdotes, pois combina o impulso do vermelho com a sabedoria do azul; a cor púrpura, que combina a força do vermelho com o sagrado do violeta, era a cor do poder, dos mais altos juízes e governantes. O verde, que lembra a vida que fervilha no mar e na mata, e a cor do renascimento (como ocorre na Primavera com a natureza) e, por extensão, da regeneração espiritual; entre os povos europeus pré-cristãos, era a cor da fertilidade da Grande Mãe-Terra, sendo usada exclusivamente nas festas orgiásticas a ela dedicadas, na época de seu casamento com o Rei Sol; por associação de ideias, nas sociedades cristãs originárias desses povos, tornou-se a cor distintiva das prostitutas, que usavam uma fita verde na manga do vestido. O azul, a cor do céu claro, mas, também, a mais próxima da frieza do negro, simboliza a mente pura e fria, a razão, a sabedoria. O marrom, o cinza e o preto lembram as folhas secas, a vegetação apodrecida, a lama, o carvão; por isso, simbolizam a deterioração, o sofrimento, a morte. O branco, síntese de todas as cores, é associado, no Ocidente, à pureza, mas, no Oriente e entre outros antigos povos (por exemplo, entre os Yorubás), é uma cor de luto ou de inércia, pois simboliza a inexistência da vida (os mortos ou os embriões que ainda não nasceram).


Esta percepção do efeito psicológico exercido pelas cores constitui a origem da Cromoterapia. Os povos antigos já sabiam usar muito bem esse recurso: o templo dourado, um palanque onde a classe governante exibia seus trajes cor de púrpura, um desfile de tropas com mantos vermelhos, um cortejo fúnebre coberto de cinza e negro eram meios extremamente eficazes de despertar na massa da população as emoções desejadas: o indivíduo comum era deslumbrado pela visão das riquezas divinas, sentia-se esmagado pelo peso da púrpura nobre, vibrava com a coragem dos soldados, compartilhava a dor pelos mortos. Se, como diziam os antigos chineses, uma imagem vale mais do que mil palavras para transmitir uma ideia, talvez se possa dizer que, quando se trata de transmitir uma emoção, uma cor vale mais do que mil imagens.


Também a medicina tradicional, mesmo sem desenvolver uma teoria específica a respeito, usou, em todos os tempos e lugares, as cores como instrumento de cura.


Uma das mais importantes práticas xamanísticas, em várias regiões do mundo, é a execução de pinturas mágicas utilizadas em rituais de cura física e espiritual. Os índios norte-americanos, por exemplo, realizam suas "pinturas de areia" e os monges tibetanos possuem uma técnica muito parecida, embora utilizem materiais e símbolos diferentes.


Em linhas muito gerais, essas pinturas representam a ordem do mundo e sua realização é uma longa prática de meditação.


Por ser uma arte ritual, as formas e cores utilizadas são minuciosamente determinadas de acordo com os significados de cada elemento da pintura. Nesse contexto, tanto as formas como as cores têm função terapêutica na medida em que restabelecem a ligação profunda entre o indivíduo e os fenômenos vitais — físicos e psíquicos — simbolizados pelos mitos que a pintura retrata.


Tanto na antiga China como na América pré-colombiana, o mundo foi descrito como sendo dividido em cinco direções, que correspondem aos quatro pontos cardeais (Norte, Sul, Leste e Oeste) e ao centro. A cada direção corresponde um dos elementos da natureza, uma cor, um animal mágico, uma característica psicológica, um órgão ou uma função do organismo. Esse conjunto de símbolos foi usado nas duas culturas (chinesa e mesoamericana) para fins terapêuticos, seja como material para rituais mágicos, seja como elemento para mentalizações curativas.


Culturas neolíticas em todo o mundo utilizaram e ainda utilizam as tatuagens e pinturas corporais para diversos fins, sendo, talvez, o mais importante deles a execução de rituais xamanísticos destinados a realizar a cura de problemas físicos ou psíquicos. O desenho transforma a pessoa, é como uma roupagem ou máscara mágica, por meio da qual a pessoa participa do divino e assim se regenera física e espiritualmente. Várias dessas culturas tem a cor como um recurso essencial para esta prática, usando-a para representar divindades associadas aos vários fenômenos interiores e exteriores ligados ao indivíduo. A antiga medicina grega, assim como certas técnicas egípcias de "cura no templo" utilizavam formas e cores para evocar determinados estados de espírito que favorecessem a recuperação do doente; uma prova desta prática está nos desenhos que constituem a decoração dos aposentos do templo de Asclépio (o patrono da Medicina), em Epidauro, que foi um dos maiores centros de Medicina Naturista da Grécia antiga.


Da Grécia vieram as teorias e técnicas que, transformadas ao longo de vários séculos, constituíram a base do que hoje é chamado de Cromoterapia. Pitágoras (filósofo que viveu no século VI antes da Era Comum) criou uma teoria sobre a harmonia da natureza que influenciou todo o pensamento europeu; baseou-se, cm parte, na religião órfica que, embora pouco popular por ser rígida e autoritária,

influenciou os ideólogos ligados às elites, que direcionaram o desenvolvimento do saber oficial na Europa.


Durante o século XX, pesquisadores das áreas de Biologia e Física se interessaram pela natureza e pelos efeitos da luz; muitas de suas descobertas foram aproveitadas para melhorar a compreensão da Cromoterapia. Hoje se sabe que esta técnica não funciona simplesmente pela sugestão que possa resultar do gostar ou não de uma cor, mas que é um processo complexo que envolve efeitos físicos, emocionais e subconscientes das cores. Físicos, porque a existência de uma cor implica a existência de luz com determinadas características de onda e de substâncias cuja composição química favoreça a absorção ou reflexão dessa luz; emocionais, porque as diferentes cores impressionam de modos diversos nosso sistema nervoso, criando estados emocionais diferentes; subconscientes porque, ao fixar a atenção em uma determinada cor, desencadeamos processos inconscientes de controle das funções orgânicas que essas cores evocam.


Fonte: CROMOTERAPIA - Cores para a Vida e para a Saúde

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