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silviarisilva

O lixo dos outros




A pequena cidade estava em alvoroço. Um grupo de comerciantes promovia uma grande atração, naquele domingo, prometendo atividades e diversão ao povo.

Logo cedo, uma corrida de bicicletas faria o contorno da cidade, passando pelos principais pontos.

A chegada final e a premiação seriam na praça central. O vencedor ganharia uma bicicleta nova, que estava exposta enfeitada com laços de fitas coloridas.

Depois, haveria uma gincana para a criançada com uma infinidade de prêmios para os vencedores.

Lanches, sucos para todos, guloseimas e muita alegria, era o que prometia aquela manhã de domingo.

Ao som de música alegre, foi dada a partida e começou a corrida de bicicletas.

Os amigos Ana e Luiz ficaram próximos e seguiam, pedalando com vontade.

De repente, foram ultrapassados por outro competidor que, agressivo, gargalhando, esbarrou em Luiz, por pouco não o derrubando.

A resposta do rapaz foi acenar, sorrir e prosseguir pedalando.

Ana irritou-se e, inconformada, perguntou ao amigo como ele conseguia não reagir àquela maldade.

A resposta foi igualmente calma: Não costumo assumir o latão de lixo dos outros.

A amiga continuou intrigada, não entendendo o que ele queria dizer com aquela expressão.

Então, continuando suas pedaladas, Luiz explicou que todos temos nossos lixos internos. São o azedume, o ciúme, a raiva, a inveja e outros sentimentos do gênero.

Quando nosso latão de lixo começa a transbordar, muitos de nós costumamos despejá-lo em quem está próximo.

Basta que entremos nesse clima de desafio e ficamos atolados no tal lixo, que não vemos, mas que nos deixa totalmente contaminados.

E concluiu, sorrindo: Tenho procurado me controlar para não aceitar o lixo dos outros. Afinal, basta o meu, que estou buscando decompor para adubar minhas flores.

* * *

Se todos tivéssemos essa compreensão, nosso mundo seria diferente. Viveríamos mais tranquilamente.

Com os olhos físicos apreendemos apenas o que é material. Mas, quando nossa compreensão se expande, percebemos que muito do que vivenciamos está na dimensão dos sentimentos, das emoções e pensamentos.

Dessa forma, quando sintonizamos com essa dimensão íntima das pessoas com as quais convivemos ou nos relacionamos, podemos absorver vibrações benéficas ou malfazejas, a depender de como elas estejam em sua intimidade.

Quando temos consciência disso, sabemos que podemos escolher entre aceitar ou repelir a sintonia, que poderá nos beneficiar quando boa ou nos atolar em lixo alheio que somente nos prejudica.

Importante nos conhecermos, nos amarmos, e nos valorizarmos, para optarmos, sempre, pelo melhor para nós mesmos.

E não pensemos em culpar aos outros pelo nosso mal estar porque a questão tem a ver com a nossa sintonia. Se não estivermos na mesma faixa de pensamentos, sentimentos e emoções, não entraremos em sintonia.

Afinal, enquanto existem pessoas acumulando lixo em sua intimidade, muitas outras espalham o perfume e a delicadeza das suas presenças.

Saibamos realizar opções acertadas, corretas, desejando o melhor para nós mesmos. Porque se estivermos bem, de nossa parte igualmente somente espalharemos boas vibrações a todos os que compartilhem do lar, da escola, do trabalho.

Pensemos nisso.


Fonte: Momento Espírita

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