A pequena cidade estava em alvoroço. Um grupo de comerciantes promovia uma grande atração, naquele domingo, prometendo atividades e diversão ao povo.
Logo cedo, uma corrida de bicicletas faria o contorno da cidade, passando pelos principais pontos.
A chegada final e a premiação seriam na praça central. O vencedor ganharia uma bicicleta nova, que estava exposta enfeitada com laços de fitas coloridas.
Depois, haveria uma gincana para a criançada com uma infinidade de prêmios para os vencedores.
Lanches, sucos para todos, guloseimas e muita alegria, era o que prometia aquela manhã de domingo.
Ao som de música alegre, foi dada a partida e começou a corrida de bicicletas.
Os amigos Ana e Luiz ficaram próximos e seguiam, pedalando com vontade.
De repente, foram ultrapassados por outro competidor que, agressivo, gargalhando, esbarrou em Luiz, por pouco não o derrubando.
A resposta do rapaz foi acenar, sorrir e prosseguir pedalando.
Ana irritou-se e, inconformada, perguntou ao amigo como ele conseguia não reagir àquela maldade.
A resposta foi igualmente calma: Não costumo assumir o latão de lixo dos outros.
A amiga continuou intrigada, não entendendo o que ele queria dizer com aquela expressão.
Então, continuando suas pedaladas, Luiz explicou que todos temos nossos lixos internos. São o azedume, o ciúme, a raiva, a inveja e outros sentimentos do gênero.
Quando nosso latão de lixo começa a transbordar, muitos de nós costumamos despejá-lo em quem está próximo.
Basta que entremos nesse clima de desafio e ficamos atolados no tal lixo, que não vemos, mas que nos deixa totalmente contaminados.
E concluiu, sorrindo: Tenho procurado me controlar para não aceitar o lixo dos outros. Afinal, basta o meu, que estou buscando decompor para adubar minhas flores.
* * *
Se todos tivéssemos essa compreensão, nosso mundo seria diferente. Viveríamos mais tranquilamente.
Com os olhos físicos apreendemos apenas o que é material. Mas, quando nossa compreensão se expande, percebemos que muito do que vivenciamos está na dimensão dos sentimentos, das emoções e pensamentos.
Dessa forma, quando sintonizamos com essa dimensão íntima das pessoas com as quais convivemos ou nos relacionamos, podemos absorver vibrações benéficas ou malfazejas, a depender de como elas estejam em sua intimidade.
Quando temos consciência disso, sabemos que podemos escolher entre aceitar ou repelir a sintonia, que poderá nos beneficiar quando boa ou nos atolar em lixo alheio que somente nos prejudica.
Importante nos conhecermos, nos amarmos, e nos valorizarmos, para optarmos, sempre, pelo melhor para nós mesmos.
E não pensemos em culpar aos outros pelo nosso mal estar porque a questão tem a ver com a nossa sintonia. Se não estivermos na mesma faixa de pensamentos, sentimentos e emoções, não entraremos em sintonia.
Afinal, enquanto existem pessoas acumulando lixo em sua intimidade, muitas outras espalham o perfume e a delicadeza das suas presenças.
Saibamos realizar opções acertadas, corretas, desejando o melhor para nós mesmos. Porque se estivermos bem, de nossa parte igualmente somente espalharemos boas vibrações a todos os que compartilhem do lar, da escola, do trabalho.
Pensemos nisso.
Fonte: Momento Espírita
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